sexta-feira, outubro 03, 2008

Papel de pão (o título anterior era Só por hoje)

Estou cansado de analogias e metáforas. Hoje. Assim como estou cansado de piadas de trocadilhos. Hoje.
Só por hoje, vou dizer pedra; cachorro; xícara; ônibus; bicicleta; cartas; papel de pão...

... Daí que papel de pão é uma conjunto de palavras bonito demais. E me faz parar de digitar para suspender a cabeça, erguer os olhos e lembrar... "papel de pão"... Ainda existem os sacos de papel, mas eu nunca mais comprei uma bisnaga, devidadmente enrolada num papel rosa e amarrada com barbante. Talvez em Paris - onde minha saudade mora no futuro - se compre baguetes que venham embrulhadas desse modo - Não, não! Agora lembro que me disseram um dia - quem mesmo? - que em Paris as baguetes são carregadas sem embrulho nenhum, embaixo do braço; e que algumas pessoas têm um carregador de baguetes próprio (não confiem nessa informação, realmente não sei de sua origem, talvez seja pura invenção).
Quase todo final de tarde, minha mãe catava os centávos e me mandava à padaria buscar o pão do lanche, que às vezes era bisnaga, enrolada em papel de pão. Quase sempre, a bisnaga chegava sem o bico, devorado, ainda pelando de quente, no meio do caminho.

... Papel de pão é poesia fácil; rasteira de tão óbvia ("Estava escrito num papel de pão / Foi o que arrasou meu coração").

...Papel de pão arrasou com meu dia. Amanhã começo minha dieta de metáforas e analogias (cheguei ao fundo do poço: rimei (de novo!)). Tanto que o título da postagem mudou no meio do caminho.

Um comentário:

Marcelo Daguerre disse...

melhor do ler o que escreveu é sentir o cheiro e o gosto desses lanches da tarde. Juro que vou tentar não sofrer mais com tanta saudade desses dias.