quarta-feira, setembro 26, 2007

Geografia do Leblon - II

Fui ao Letras & Expressões comprar o Le Monde Diplomatique Brasil. Custou 8,90. Depois atravessei a Rua e entrei no Garcia & Rodrigues para comprar uma fatia da famosa Torta Isabella. Custou 8,90.

Simetrias que não se explicam.

Ponte aérea 02

Em agosto do ano passado, escrevi uma postagem intitulada "Ponte aérea 01" e justifiquei o nome dizendo que muitas seriam as postagem tratado do mesmo assunto: a minha ida para São Paulo. Um ano depois, ainda estou no Rio e esta é apenas minha segunda postagem sobre o tema.

Todo mês acontece o TrixMix Cabaret - um teatro de variedades - no Café Concerto Uranus, um lugar belíssimo no Centro da cidade administrado por uma "senhora" uruguaia chamada Carlitos. O espaço já cria, por si só, um ambiente de irrealidade com suas mesas e cadeiras, bar e palco. A decoração feita de quadros, esculturas, velas, tecidos e até um chafariz, faz com que nos sintamos dentro de um filme do David Lynch (quem não se lembra do Clube Silêncio de "Mulholland Drive"?)

Se alguém souber de um lugar parecido no Rio, ou de uma proposta que se assemelhe a um teatro de variedades, favor me avisar. Tenho fome. E sede.

Entulhos

Costumava achar suas preocupações as mais fúteis que um ser humano poderia ter, mas não parava de pensar nelas: se a mulher o estava traindo com seu primo de segundo grau, se o filho "emo" era o viadinho da classe, se o cargo seria ocupado pelo colega mais jovem e mais arrojado, se o Dodô, pego no exame antidoping, iria desfalcar o Botafogo pelo resto do campeonato brasileiro...
Quando moleque, olhava pro céu e ficava tentando desenhar um mapa com todas as constelações que conseguia enxergar (o Cruzeiro do Sul e As três Marias foram as primeiras a serem descobertas e desenhadas). Também gastava horas tentando fazer um copo de geléia cair da mesa apenas com o poder da mente. Mas foi com a leitura do primeiro livro adulto, "Eram os deuses astronautas?", que as portas da percepção lhe foram abertas (sem falar nas músicas de Raul Seixas, que casaram direitinho com sua vontade de entrar numa nave espacial, sumir da face da Terra e só voltar quando tivesse descoberto as verdades do universo - ou, ao menos, como fazer para mover um copo de geléia apenas com o poder da mente).
Seguramente há um desvio de rota em sua existência, que deve ter acontecido ali pelos 17 anos, quando começou a fazer cursinho pré-vestibular e a luta por um lugar ao sol perdeu de vez o sentido literal. Outro dia, até deu um tapa no baseado de um conhecido do trabalho, mas a sua única viagem foi se imaginar na cama, porque deu uma lombeira...
Mas as coisas podem mudar, claro, sempre podem mudar. O papel de exame em sua mão, a mulher sorrindo na sua frente, a notícia de que seria pai novamente - indícios de mudança, porque um filho significa, entre outras coisas, a possibilidade de recomeçar do zero, de aprender enquanto ensina, de enxergar o mundo com olhos de inocência, de descoberta, de deslumbramento: uma alma pura, que iria purificar a sua alma já entulhada de bobagens de toda espécie. Esperança.
O diabo é que não parava de pensar que o filho não era seu, mas sim de seu primo de segundo grau.

domingo, setembro 23, 2007

Geografia do Leblon - I

Faz pouco mais de um ano que moro na Rua Jerônimo Monteiro, última rua do Leblon - a primeira à direita de quem vem do canal - pertinho da Praça Cazuza, onde fica o MacDonald's. É impossível olhar para lá sem um certo desprezo, ou pelo menos o desejo de que aquele prédio tão interessante alojasse um teatro, uma casa de shows, ou um bom restaurante (não, restaurante não. O Leblon não precisa de outro restaurante, assim como não precisa de mais uma loja de grife, muito menos de um outro shopping...)

terça-feira, setembro 11, 2007

O silêncio dos não-inocentes

Esse meu silêncio é o quê?
Essa falta do que dizer diante de um mundo com tudo a ser dito?
O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê? O quê?

Na falta da minha voz, a de outro: GLauber:

"A ARTE revolucionária dever ser uma MÁGICA capaz de enfeitiçar o homem a tal ponto que ele não mais suporte viver nesta realidade absurda".

Na falta da minha voz...