terça-feira, outubro 16, 2007

Cinema europeu

- Acordei com muita raiva hoje, muita raiva. Tive um pesadelo: a gente tava num trem, numa cabine de trem, desses trens europeus. Nunca estive num, mas sei pelos filmes. Não lembro de onde a gente tava vindo, nem pra onde a gente tava indo, mas era dessas viagens que se atravessam países, com certeza. A gente tava bem vestido, com elegância e coisa e tal. A gente tava dividindo a cabine com um outro casal, tipo a gente, um casal jovem, os dois eram bonitos... Eles pareciam com a gente até - mesmo. O clima na cabine era bom, que dizer, o casal tava rindo, desconstraído, rolava até uma sensualidade, eles tavam se pegando, se beijando, falando umas coisas bem baixinho, risinho na cara. Eu tava meio incomodado com aquilo, a gente tava muito perto deles, a cabine era meio pequena. Aí teve uma hora que o cara começou a dar uns beijos mais pesados na namorada, dava pra ver a língua dele passeando na boca dela, o batom borrando os dois... E de repente eu percebi que o cara tava olhando pra você! Ele olhava pra você enquanto beijava a namorada! Te olhava com os olhos apertados, sabe, fazendo a maior pose de galã o filho da puta. Aí eu olhei pra você e percebi que você também tava olhando pro cara, com um sorrisinho no canto da boca, você tava gostando daquilo, vocês dois tavam flertando bem debaixo do meu nariz! Eu te peguei pelo braço, falei qualquer coisa com certa raiva, mas você nem me ouviu; levantou e foi andando em direção ao cara, lentamente, respirando forte... Ai eu acordei... Com uma vontade imensa de enfiar a mão na sua cara...

- E a mulher?

- Que mulher?

- Do cara.

- O que é que tem?

- Ela olhou pra você?

- Sei lá. Quer dizer... Acho que sim, não lembro direito...

- Provavelmente ela flertou com você também.

- Sabe que agora que você tá falando isso... É verdade, ela tava me olhando também - cacete!

- Quê?

- Agora eu lembrei de tudo: quando você se levantou pra ir pra perto do cara, ela abriu a blusa e me mostrou os peitos!

- Eram bonitos?

- Lindos...

- E você não fez nada?

- Não, eu tava puto da vida com você.

- Que pena. Teria sido um sonho, não um pesadelo.

Ela se vira para o lado e volta a dormir.

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