sábado, novembro 17, 2007

Fios de lembrança

Por um lado, não era muito o que lhe havia ficado daquela noite. O ambiente era muito escuro, como a maioria das boates e demais casas noturnas; a música era barulhenta, o som estava desnecessariamente alto e os amplificadores estavam em péssimo estado. Assim, o rosto daquele homem não lhe foi possível fixar; nem o timbre de sua voz e nem as palavras que aquela boca pronunciaram ao pé de seu ouvido. Os beijos foram os melhores de sua vida, mas não recordava se os lábios dele eram finos ou bem delineados. Seus olhos ardiam como brasa, mas de cor eram? E a cor da pele? E a quantidade de pelos nos braços? A barriga era firme, mas o umbigo era pequeno e produndo como o seu? Qual o tamanho do seu pé? As unhas eram aparadas?
Quando ele pôs a mão gentilmente dentro de sua calcinha, ela pode perceber os dedos grossos e a pele fina; quando ela pôs a mão dentro das calças dele, sentiu um pau latejante, quente e um pouco melado. Mas e o cheiro? E o gosto? O peso? Tamanho? De tudo...

Por que, Deus, teve que sair, ir embora, se afastar e ver sumir aquele encontro como o violento despertar de um sonho?

...

Sentada no banco do metrô, ela olhava para todos os homens que entravam e saíam. Olhava também os que permaneciam dentro, sentados, em pé ou escorados. E curiosamente lhe surgiu uma certeza: ninguém tinha cabelos tão bonitos.

Nenhum comentário: