quarta-feira, setembro 20, 2006

Dia 16

Foi numa festa num dia 16 que ela sentiu, como nunca, seu coração bater acelerado, suas pernas amolecerem e um calafrio percorrer-lhe toda a espinha. Ela vinha do banheiro - ou da cozinha, mas o que importa isso agora? - e viu, com esses olhos que a terra há de comer, como se diz, ela viu o homem que amava conversando com uma (des)conhecida qualquer. Nada demais, o que poderia haver de mais, meu Deus? Na conversa não havia nada de mais. O problema foi o silêncio que por segundos uniu aquele homem e aquela mulher. Uma troca de olhares cristalizados, pupilas dilatadas, umidade e calor. Foram segundos de um silêncio... uma eternidade. Ela estava com um copo em cada mão - realmente vinha da cozinha, mas, porra! o que importa isso agora? - e não sabia o que fazer: interromper aquele momento? Não interromper? É essa a questão?

* * *

Hoje é dia 16 e ela brinda a data com muita satisfação. Ela fecha os olhos enquanto beija amorosamente o homem da sua vida, que ela conhecera numa festa - uma outra festa, meses depois - também num dia 16. Assim é a vida, ela pensa e ri. Assim é a vida.

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