segunda-feira, setembro 25, 2006

Espelho

Eu sei que não tem ninguém embaixo da cama
nem atrás da porta
ou dentro do armário.
Eu sei.
Mas...
e atrás do espelho?

quarta-feira, setembro 20, 2006

Dia 16

Foi numa festa num dia 16 que ela sentiu, como nunca, seu coração bater acelerado, suas pernas amolecerem e um calafrio percorrer-lhe toda a espinha. Ela vinha do banheiro - ou da cozinha, mas o que importa isso agora? - e viu, com esses olhos que a terra há de comer, como se diz, ela viu o homem que amava conversando com uma (des)conhecida qualquer. Nada demais, o que poderia haver de mais, meu Deus? Na conversa não havia nada de mais. O problema foi o silêncio que por segundos uniu aquele homem e aquela mulher. Uma troca de olhares cristalizados, pupilas dilatadas, umidade e calor. Foram segundos de um silêncio... uma eternidade. Ela estava com um copo em cada mão - realmente vinha da cozinha, mas, porra! o que importa isso agora? - e não sabia o que fazer: interromper aquele momento? Não interromper? É essa a questão?

* * *

Hoje é dia 16 e ela brinda a data com muita satisfação. Ela fecha os olhos enquanto beija amorosamente o homem da sua vida, que ela conhecera numa festa - uma outra festa, meses depois - também num dia 16. Assim é a vida, ela pensa e ri. Assim é a vida.

segunda-feira, setembro 11, 2006

11 de setembro

Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações

RR

quinquilharias

Semana passada deixei pra trás:
televisão, dvd, computador, roupas, sapatos, cds, papéis, postais.
Só sossego no desapego daquilo que não é amor.

Brasil! Brasil! Brasil!

Seguidas notícias de jovens mortos ao volante: álcool, imprudência, irresponsabilidade, falta de educação por parte dos pais, da escola, falta de informação... O que mais? O que menos?

Cada vez que eu saio do Rio de Janeiro, percebo como nosso trânsito é louco, como sofremos e praticamos todo tipo de desreipeito à vida - dos outros e às nossas próprias. Somos um país de machos, de espertos, de velozes e furiosos. Claro, ninguém quer ser otário, ninguém quer ser mané, todo mundo quer se dar bem, pegar mulher, dirigir a mil, fazer vista grossa pra engordar o salário do mês, levar o seu na aprovação de projetos... E ganhar o hexa na próxima copa, porra! Brasil! Brasil! Brasil!

sexta-feira, setembro 01, 2006

nada, não.

Ontem nada. Hoje nada também. Não! É preciso lutar contra a indolência contagiante que me atinge nesses dias de escritório das 10 às 19h. Contra a indiferença presente em nossos rostos diante das pesquisas de intenção de voto, das estatísticas sócio-culturais-histórico-políticas que nos informam tragédias cotidianas como um Nero tocando a sua harpa diante de uma Roma em chamas.
Roma está em chamas e ninguém pede ajuda, aciona os bombeiros, enche baldes d' água...

Minha "arte" serve pra quê?